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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Gestão dos sete milhões - Guebuza mais comedido

Por Nélson Carvalho, em Nampula (Savana online)
A população do distrito de Angoche, província de Nampula, exigiu, em comício popular, ao Presidente da República (PR), Armando Guebuza, que os administradores possam prestar publicamente as contas de gestão dos sete milhões de meticais, valor alocado aos distritos pelo governo central, para a produção de comida e postos de trabalho. Note-se que durante a presente presidência aberta que já o levou às províncias do Niassa e Nampula, Guebuza mostrou-se mais bem comedido em relação aos sete milhões. É que houve uma fase em que Guebuza era muito optimista em que dificilmente admitia que algo estivesse a correr mal.

A posição dos munícipes aconteceu depois do chefe de Estado, que visitou a província de Nampula de 2 a 7 de Maio corrente, ter explanado os moldes de funcionamento da descentralização do poder, em que passasse necessariamente pela prestação de contas da gestão da coisa pública.
Em Angoche, um cidadão de nome Muanacha Cojoana pediu ao PR para que falasse com os seus representantes máximos a fim destes informarem ao povo em que é aplicado o dinheiro do herário público.
Falando especificamente dos sete milhões, Cojoana disse que em jeito de partida, o então administrador daquele distrito, Ichaka Abarac, actualmente a desempenhar as mesmas funções no distrito de Nampula deve voltar a Angoche para falar ao povo local em quê que aplicou os sete milhões, porque “para a produção de comida não funcionava os projectos que eram financiados e muito menos para o auto- emprego” – desabafou.
A intenção de Muanacha é igualmente partilhada pela maioria dos munícipes de Angoche. Geraldo Muassua disse que para um projecto ser financiado é necessário que se seja familiar e/ou amigo dos chefes, caso contrário o pedido é imediatamente recusado. Muassua sublinhou ainda que “muita gente que é financiada nunca chega a receber o dinheiro no seu todo, porque deve pagar um pouco aos chefes”.
Num outro desenvolvimento, os intervenientes referiram que a população de Angoche está a viver muito mal e, como se não bastasse, quando a pessoa reivindica os seus direitos, é-lhe atribuído o rótulo de ser membro da Renamo.


Comissionismo nos sete “bis”
Ainda sobre a gestão dos sete milhões, os residentes de Angoche informaram ao PR haver muito comissionismo na aquisição dos financiamentos através do referido fundo, que algures contribuiu significativamente na popularidade do chefe do Estado Armando Guebuza, logicamente depois da famosa “Revolução Verde”.
Todavia, o que mais preocupa os angochianos é o facto de as pessoas que se voluntariam a facilitar os processos pediram valores avultados e muito mais elevados, chegando a ultrapassar mais da metade do financiamento no seu todo.
Por exemplo, num projecto de pouco mais de cem mil meticais, o proponente pode receber apenas menos de trinta mil meticais, o que quer dizer “menos da metade do financiamento no global”.


Taxas de reembolso
Já no distrito de Meconta, o chefe do Estado ficou a saber que as taxas de juros cobradas são altíssimas e os beneficiários, olhando pelo seu nível de vida, sentem-se proibidos de concorrer e dizem não estar em altura de corresponder com as expectativas do “pai da nação”.
Os residentes de Meconta dizem que em termos de reembolso, apenas sabiam da taxa de 12%, mas a cada dia que passa a tendência é de aumentar esta mesma taxa, chegando a atingir os 18%, facto que lhes preocupa bastante.
Todavia, as elevadas taxas são apenas cobradas a certas pessoas que não gozam de nenhuma aproximação com o pessoal que está no poder.
Os residentes de Meconta informaram ao PR que durante os primeiros anos quase que ninguém foi financiado, porque apenas o fundo servia para projectos da pertença da administradora cessante e o seu respectivo secretário permanente.
As presentes constatações vêm contrariar aquilo que era a ideia inicial do Chefe do Estado em que era bem optimista sobre os sete milhões, uma fase na qual dificilmente admitia que algo estivesse a correr mal no processo de atribuição e controlo. Hoje, ele é bem mais comedido e, finalmente, crescentemente crítico. (retirado daqui)

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